
Foi a pedra que rolou que Gotto decifrou
Publicado em 13 de novembro de 2018Um mundo sem arte povoa uma vida sem expressão, sem cor, é macarrão sem molho, carro sem roda, casa sem porta, é cama sem travesseiro! A arte personaliza, dá significado, varre a superficialidade! Foi numa tarde com Beatriz Dreher Giovannini, nossa primeira-dama do vinho no sul do país, na vizinha Bento Gonçalves, que conhecemos Gotto. Ela, que já foi marchand, levou-nos ao seu reduto criativo, onde entre duras pedras de basalto e sua oficina de criação, seu talento está em ebulição. Antes disso, na própria vinícola de dona Bita já apreciamos o viés das peças de Gotto, com uma maravilhosa mostra expondo seus trabalhos no átrio da vinícola.
Com pedras de basalto de mais de 140 milhões de anos, Mauri Menegotto, discípulo de Bez Batti, se comunica. Teve o primeiro contato com o ofício aos 15 anos, desde a década de 80 ele esculpe pedra basalto e madeira e contabiliza exposições no Brasil, na Europa e na Asia. Hoje, vive da arte. Acompanhar um pouco de seu processo produtivo, avaliando uma pedra bruta na decisão de que forma ele lhe dará, é impressionante. A criação já inicia na curadoria de uma pedra no que para nós parece simplesmente uma porção de pedras duras. “Vejam esta pedra, ela tem duas cores e um veio que separa as tonalidades, o que me faz lembrar a justiça”, diz Gotto, ao analisar uma pedra que ainda aguarda seu talento para tomar a forma definitiva.
O mundo de Gotto é a pedra bruta e sua transformação, é a poesia que emprega para presentear beleza plástica inigualável e com sentido ao basalto. É sensibilidade às cores, é uma reinterpretação artística extraordinária do elemento que marcou os alicerces da imigração italiana em nosso Estado, utilizando o basalto na edificação de casas e taipas.
Há milhares de anos o basalto é típico na região da Serra Gaúcha, inclusive Bento Gonçalves integra a maior manifestação de derramamento vulcânico do Planeta e considerar que essa habilidade em pedra vem da pré-história, quando a utilizavam também como material para fabricar ferramentas e utensílios para a caça, para a agricultura e para a domesticação, é, conforme bem coloca a museóloga Maria Stefanni Dalcin, “arte com sabor de pertencimento”.
A dona Bita que descobrimos deixou-nos ainda mais encantados por sua personalidade agregadora, por sua motivação para enaltecer a riqueza e a arte que habita, seja como a marchand que foi ou como uma das primeiras damas do vinho de nosso país. Como com uma fada madrinha, ela descortinou com magia seu mundo e o talento de Gotto. “Acompanho Gotto há muitos anos, passo a passo, paciente, dedicado. Posso afirmar que a maturidade de seu trabalho nos dignifica como cidadãos apreciadores da arte e do belo”, afirma ela. Obrigada dona Bita, obrigada Gotto, por este fantástico momento que tivemos. Sou toda Ferreira Gullar, quando afirmou que “a arte existe porque a vida não basta”!
“Minhas cabeças, eu as denomino de pensamentos expostos. A maioria das vezes sem definição de sexo, pois o que me interessa representar é a expressão do sentimento, a beleza subjetiva. Em algumas cabeças eu coloco gavetas que simbolizam o mistério do pensamento; em outras, degraus, que simbolizam a ascensão intelectual, as conquistas espirituais e materiais do homem. Minhas cabeças expressam a constante procura do homem pela evolução.”
Mauri Valdir Menegotto – Gotto
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