Confrarias Gastronômicas: a ordem é reunir e confraternizar
Publicado em 16 de fevereiro de 2016As confrarias estão em alta. A cada dia novos grupos se formam em torno de interesses comuns. O objetivo é compartilhar conhecimentos, dar boas risadas e apreciar o sabor de um bom vinho, cerveja, delícias da mesa ou mesmo promover cultura e lazer.
Viva o Deus Baco!
Reunir amigos para degustar vinhos virou o passatempo predileto para um grupo de 25 enófilos que há dois anos fundaram a Confraria Amigos de Baco, em Lajeado.
Mais que um hobby, o encontro se tornou um verdadeiro culto aos sentidos. Segundo Paulo Wedig, presidente da confraria que leva o nome do Deus romano do vinho e das festas, os comensais se encontram mensalmente, nas dependências restaurante Casa Nostra, em Lajeado, ou em visitas técnicas, previamente agendadas, a vinícolas gaúchas.
O ritual é quase sempre o mesmo. Os vinhos degustados são escolhidos com antecedência pelo responsável, assim como as receitas que farão parte do cardápio que busca harmonizar os sabores. “Abrimos com um espumante Brut, depois degustamos uns dois ou três vinhos e finalizamos com um licoroso de sobremesa”, explica.
O custo de cada encontro não é alto. “Evitamos vinhos de custos maiores porque sabemos que há muita coisa boa que não é cara”, justifica Paulo.
A confraria é exclusivamente masculina e exige muita disciplina dos confrades. Durante os encontros, é vetado o uso de celulares, não se admitem atrasos e o excesso de falta pode acarretar punição ou até mesmo exclusão do grupo. “É preciso dar prioridade para a coisa funcionar”, explica o presidente.
Os Amigos de Baco levam os encontros tão a sério que a confraria é regida por um estatuto e tem um brasão como marca registrada. Durante as reuniões, são evitados assuntos polêmicos como política, futebol e religião. A prioridade é discutir e aprofundar a cultura do vinho, que é de interesse comum.
Entre as dificuldades encontradas está o clima quente, desfavorável à apreciação do vinho. “Temos que lutar contra a maré. Esta região é formada por descendentes de alemães, por isso aqui reina a cultura da cerveja, mas aos poucos vamos introduzindo o novo hábito”, explica.
Impossível não falar de cerveja numa região de colonização alemã. Não por acaso, a cada trinta dias, a segunda segunda-feira do mês é sagrada para os membros da Confraria Ratz Bier, de Lajeado.
A iniciativa partiu de um pequeno grupo de amigos, apreciadores e degustadores da boa cerveja, em 2009.
A brincadeira foi ficando séria, o grupo foi aumentando, e hoje já são 25 integrantes que se reúnem ordinariamente para tratar de interesses ligados ao tema.
O local escolhido para a troca de experiências entre os confrades são as dependências do Parque Histórico da cidade. Lá, diferentes profissionais unem forças com um único objetivo: aperfeiçoar os processos de produção e apreciar a bebida predileta da cultura alemã.
Durante os encontros, circulam cervejas nacionais, importadas e de fabricação própria, além, é claro, de guloseimas para uma perfeita harmonização. Durante o encontro, todo mundo põe a mão na massa, ou melhor, na cerveja.
O presidente da confraria, Sidney Schmidt, diz que há muita gente fabricando sua própria cerveja. ”Esse é o legal da confraria. Cada um contribui com o que faz. Se ficou boa é minha; se não ficou, é minha também”, brinca.
Ele mesmo, depois que entrou para a confraria, resolveu aprimorar seus conhecimentos e montou uma cervejaria artesanal em casa. Uma vez a cada três semanas, troca uma noite de sono bem dormido pelo prazer de fabricar sua própria cerveja, que leva, em media, 13 horas para ficar pronta. “Como um bom descendente de alemão, a cerveja sempre fez parte da minha vida”, revela.
Os confrades levaram tão a sério o compromisso que, no início de maio, organizaram a 1ª Beer Day Ratz Bier, evento cervejeiro aberto ao público que, durante 24 horas, realizou demonstração, degustação e comercialização de produtos ligados a cerveja.
E ainda vem muita coisa por aí. A ideia é fazer novos eventos, continuar trocando informações com grandes mestres cervejeiros e qualificar ainda mais a cerveja produzida artesanalmente na região.
Lá elas comandam
A Confraria Delas, Ideias e Sabores, é umas das raras na região que reúnem somente mulheres. Sediada em Encantado, conta atualmente com 19 confreiras, que promovem encontros mensais com o objetivo de degustar boa comida e boa bebida, além de compartilhar conhecimentos e passear.
Aline Chanan, presidente da confraria, conta que a iniciativa partiu de uma das amigas que, retornando a sua cidade natal, após um período morando e estudando fora, sentiu a necessidade de organizar um grupo que expandisse as opções de cultura e entretenimento.
De lá pra cá, já se passaram quatro anos. Tempo suficiente para que elas dessem boas gargalhadas, tomassem muitas garrafas de champanha e se divertissem a valer. O clima é sempre de muita alegria e descontração.
Para evitar que o grupo fique restrito a colegas de profissão, as confreiras decidiram diversificá-lo, deixando-o o mais heterogêneo possível. “Somos mulheres de profissões diferentes e sabemos que vale a pena viver ocasiões como estas e estreitar o laço de amizade com pessoas especiais”, explica.
O cronograma de atividades é organizado em conjunto e o grupo se divide em duplas para a execução das atividades ao longo do ano.
Para Aline Chanan, essas são as grandes recompensas deste esforço. “Porque no final de tudo, o que queremos é amar, acreditar, fazer e principalmente viver”, conta.
O grupo é seleto e o ingresso de novatas deve passar por votação unânime das veteranas.
Sem dúvida, este é um bom exemplo de mulheres que unem forças e somam esforços para agregar valor ao grupo em termos de cultura, amizade, conhecimento, alegria e união.