Fernanda Semler, embaixadora do pós-luxo
Publicado em 27 de junho de 2019Fernanda Semler é uma empresária moderna e inusual. Começou na moda com o próprio Gianni Versace em seus tempos áureos e passou quase uma década na Europa e EUA em entidades com a Fashion TV. Voltou ao Brasil e ficou à frente de eventos de grande porte ou à testa de acontecimentos sofisticados para empresas. Num destes eventos, em Campos do Jordão, região onde ela e família têm larga história – seu bisavô ajudou a trazer a estrada de ferro para lá nos anos 20 – travou contato com a ideia, ainda no papel, do Botanique, hotel que assumiria, tanto na longa fase de construção e complexa curadoria – quanto na gestão
Ao Botanique ela trouxe não só a expertise de mudar o que havia sido pensado, mas também de como desenhar, conceituar algo completamente novo e executar o sonho de criar o melhor hotel do país. De roldão, criou um conceito novo: Après Luxe, ou resumindo, o conceito Pós-Luxo.
Après-Luxe não é über, não é acima, mas vem depois do luxo. Assim que as pessoas de posses vão descobrindo que uma grife, um esbanjo e um carimbo de opulência não satisfazem tanto quanto se achava, chega-se no mundo e universo que ela pretende abrir e descortinar, em forma de curadoria, para esses novos consumidores. Um mundo onde cada luxo tem uma razão de ser, é atemporal, inovador, tem uma interação verdadeira com sustentabilidade e preocupação social e, especialmente, dentro de um valor de venda – qualquer que seja – que seja claramente justificado.
Fernanda pretende declarar o fim, para efeitos destas pessoas que habitarão o mundo Après-Luxe, de marcas que só servem para impressionar, e que usam mão de obra barata na Ásia para entregar um produto que foi multiplicado por oito (média do ramo) e muitas vezes só serve de ostentação. Entram em cena produtos e serviços que têm razão real de ser – mesmo que no mundo do luxo.
Fernanda é curadora-mor do Après-Luxe, e pretende agregar algo a quem já tem quase tudo: um jeito de ver a vida, produtos e serviços, procurando sentido, o que é real.
Fernanda hoje vive São Paulo, e divide seu tempo entre Botanique, Après-Luxe, as escolas Lumiar que criou, marido e uma penca de filhos. De lá, espera mudar o sentido do luxo, para algo que inclua tudo que ela considera precioso. É a isto que ela se dedica.
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Après Luxe em cinco lições
Para receber o selo Après Luxe, é preciso ser aprovado em cinco critérios criados por Fernanda Semler. São eles:
1
Qualidade da matéria-prima, atestada por pesquisa ou por rankings, selos e prêmios relevantes internacionalmente
Exemplo: os raros vinhos de Madame Lalou-Bize Leroy, que rejeitou viver da fama de herdeira do Romanee-Conti para dedicar-se à produção de vinhos biodinâmicos, hoje aclamadíssimos e que levam seu nome, os rótulos Domaine Leroy, de pequena produção mas altíssima e estratosférica reputação.
2
Atemporalidade, ou seja, ser um ícone que ultrapassa os limites do tempo
Exemplo: a máquina fotográfica Hasselblad é lenda até hoje, reverenciada por amantes da fotografia e também reconhecida pela lendária parceria com a NASA.
3
Originalidade e inovação
Exemplo: Sergio Rodrigues transformou a linguagem do móvel pensando o Brasil pelo viés do design, empregando madeiras nativas e tornando nosso país conhecido internacionalmente. Sua Poltrona Mole, entre outras tantas criações que levam seu nome, é uma ode ao bom gosto, à originalidade e inovação.
4
Autenticidade local ou propósito maior, o que significa sobressair por mostrar a realidade como ela é, revelando um caráter transformador
Exemplo: As obras do fotógrafo Sebastião Salgado são admiradas internacionalmente, se sobressaem das demais pela forma de mostrar o mundo da maioria, a vida, a realidade como ela é, sem disfarces.
5
Valor justo e mark-up coerente com o produto oferecido, para que valha cada centavo, aliados à responsabilidade socioambiental
Exemplo: Um jantar no restaurantL’Arpege, de Alain Passard, não é barato, ao contrário, mas vale cada centavo que custa. Três estrelas no Michelin não são suficientes para classificar a sublime cozinha que pratica, com exuberância de aromas, chamas, cores e sabores de um gênio das caçarolas, um mestre com os vegetais, capaz de transformá-los em iguarias de textura e sabor únicos.
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Conteúdo publicado na edição 43 da revista Gente que Faz | Fotos Divulgação | Por Neiva Schneider