
Uma estadia gloriosa e bem justificada: Oberoi, em Marrakech
Publicado em 10 de março de 2025O incorporador imobiliário Abdelouhed “Maître” El Alami não conseguia ficar dentro da maioria dos lugares da medina. “Sou claustrofóbico”, disse certa vez. Foi dele a deixa para que o rico legado dos hotéis Oberoi no mundo alcançasse Marrakech, já que também era ambição de Maître construir o melhor hotel de Marrakech. Juntaram-se dois empresários ambiciosos e a majestade do local recebeu o start
O legado do grupo Oberoi de Hotels e Resorts e de Biki Oberoi – que faleceu em 2023, aos 94 anos, rendem aquela biografia de excelência rara, exitosa e secular. Biki Oberoi, indiano, estabeleceu os mais altos padrões de hospitalidade hoteleira na Índia, daí ao mundo que agora se curva à sua obra-prima. Filho de Rai Singh Oberoi, fundador do The Oberoi Group, incorporou a moderna hospitalidade de luxo à marca e assim como seu pai, era demasiado perfeccionista. Lado a lado andavam seu gosto marcante pelas coisas boas da vida, suas casas de fazenda, arte, charutos cubanos e puros-sangues, até o discernimento e apuro pela perfeição e bom gosto. Para ele o dinheiro não tinha importância, era apenas um meio para um fim enquanto ele se esforçava para a perfeição, para o último detalhe em cada obra sua. Numa ocasião, ordenou que todos os azulejos da piscina de uma de suas propriedades fossem arrancados porque “no seu conjunto, não criavam o tom certo de azul”.

O pátio do edifício principal incorpora o design da histórica Medersa Ben Youssef, um dos monumentos históricos mais famosos de Marraquexe. Sem esquecer as incríveis vistas das montanhas cobertas de neve do Atlas.
Gosto de pesquisar sobre o lugar a que vou antes das boas-vindas. O que li trazia o “longo período de 10 anos de sua construção”. Pois, ao lá chegar, achei inacreditável construir um lugar assim num interim tão curto de tempo! No mapa internacional dos viajantes de luxo, Oberoi inaugurou sua excelência em 2022, em Marrakech, numa área de que era anteriormente uma fazenda. Imagine você, 250 artesãos trabalhando, ladrilhadores especialistas de Fez, carpinteiros e escultores de gesso da base de artesãos da cidade, todos como numa orquestra ‘costurando’ um projeto gigantesco em escala, superando a poeira e o calor e outros tipos de obstáculos. Ficamos muito impactados com a quantidade de mármore carrara, por exemplo, e soubemos que a tarefa monumental de sua finalização foi ainda dificultada pela escassez mundial de mármore de Carrara, pois neste mesmo tempo a Arábia Saudita expandia sua Mesquita Haram, em Meca, levando a uma raridade da riqueza desta pedra.
Construir um lugar assim na Europa ou nas Américas no século XXI? Impossível, seria o equivalente a construir uma catedral do zero e sem contar que, onde paira o olhar, temos que nos curvar à beleza e ao extraordinário nível de detalhamento do trabalho manual de tantos artesãos. Se do ponto de vista arquitetônico o Oberoi Marrakech impressiona, diferente não é na qualidade dos seus serviços.

Arjun Oberoi, presidente executivo, reafirma a ideologia Oberoi quando diz “não está em nosso DNA produzir hotéis em massa”, “e, sim, o que está firmemente enraizado nos genes Oberoi, junto com o domínio dos detalhes e enquadramento de vistas incríveis, é a ideia de hospitalidade como expressão artística”.
Pergunte a dez em dez líderes empreendedores qual é o maior desafio de suas jornadas empresariais e todos dirão que é manter a qualidade dos serviços. Num nicho tão específico onde a perfeição deve ir da arquitetura à aula de ioga, como uniformizar excelência de atendimento? Pois a cada ano, meio milhão de candidatos se inscrevem no Oberoi Centre of Learning and Development, em Nova Déli, num programa iniciado em 1966, de 18 a 24 meses, referência em hospitalidade e gestão para apenas 100 inscritos, os mais apaixonados pelo ofício.
Check-in no Oberoi Marrakech
Que não é apenas um hotel, é uma obra-prima arquitetônica

Somos recebidos por uma avenida ladeada por majestosas oliveiras, perfeitamente alinhadas, numa primeira impressão de calma e serenidade
Aberto o portão que dá acesso aos 11 hectares com 2.500 oliveiras e 3.000 frutíferas, você já se sente encantado pelo aroma de alecrim e lavanda. Um pouco depois, quando faria uma visitação à propriedade com Issam Adjou, arquiteto paisagista residente do The Oberoi, contaria-me ele que o paisagismo de todo o empreendimento tem a assinatura do arquiteto paisagista Madison Cox, atual diretor da Associação Saint Laurent e presidente do Jardim Majorelle. Issam acrescentaria, com muita paixão pelo que faz, que o que vi é habitual: mixar plantas ornamentais com aromáticas e medicinais num mesmo jardim. Gostei tanto dos instantes em que percorri a propriedade e sua rica natureza com ele, que fiz um aparte específico aqui ao lado para esta experiência.
Deixando para trás a avenida ladeada por majestosas oliveiras que dá um boas-vindas sereno e a primeira vista da edificação principal – geométrica, simétrica, majestosa, com água e, à noite, com fogo para lhe receber, um drinque refrescante nos aguarda. Meu olhar, porém, já teima em percorrer espaços, afinal estou impactada! A querida Hafsa, de uma simpatia inigualável, despertou nossa primeira interjeição exultante quando ingressamos no grande átrio que reproduz fielmente (só que duas vezes maior, mais novo e, portanto, ainda mais belo) e homenageia a Madrasa Bem Joussef, joia arquitetônica e farol histórico da educação islâmica na cidade, verdadeira obra-prima marroquina-andaluza. Enquanto seguíamos pelo palácio que se descortinava, o imponente complexo de pátios no coração do resort se revelava lentamente, com muitos, muitos detalhes que nos impressionavam, pela arte, pelo design. A vista épica dos jardins com uma piscina ornamental que se estende até onde o horizonte encontra as Montanhas Atlas é de tirar o fôlego.
Magníficas moradias com piscinas privadas

O hotel foi construído no local de uma fazenda de oliveiras e frutas cítricas e o arquiteto paisagista Madison Cox soube como valorizar e implementar sua riqueza natural, com outras plantas ornamentais e medicinais; aliás, é uma extensa avenida ladeada por majestosas oliveiras perfeitamente alinhadas que nos recebe
Serpenteamos a piscina de 30 metros e seguimos, com Hafsa, em direção à nossa vila, uma das 78 que se espalham pela propriedade, estas, das 84 acomodações, com piscinas privadas e todas decoradas também com arte marroquina, em tons de açafrão. Embora a escala do lugar seja colossal, o hotel tem um quê de bucólico, de elegância e aconchego. Entre as vilas, perpassamos jardins com rosas brancas que somam milhares, lavandas e absintos, oliveiras, cactos em diferentes proporções e cores. Buganvílias e jasmins brotam das treliças e nos recebem em frente à nossa vila.
A atenção aos detalhes e a harmonia dos elementos ganham o apogeu no interior de cada suíte das vilas. De tamanho superlativo, com muito aconchego e decor, convidam a uma experiência imersiva e trazem acesso à área externa belíssima com piscina privativa de nove metros de comprimento, com árvores e plantas ladeando-a e entregando privacidade. Closet e banheiro – este também com acesso direto à piscina – perfazem este verdadeiro refúgio de paz, prometendo total relaxamento. Mimos como frutas frescas, doces e vinho marroquinos dão as boas-vindas, porém houve mais um detalhe que não me passou despercebido: deixei meu celular carregando ao lado da cama em determinada ocasião e quando retornei vi que haviam deixado o fio de carregamento perfeitamente alinhado e enrolado com um feltro com a grife Oberoi. Pequenos feitos, neles estão a magistralidade!
Um ritual de hammam certamente completaria minha experiência marroquina
Pois, bingo! Que fantástico momento. Aqui, poderíamos estar na Ásia, pois situado no meio de lago, com e peixes, o spa de 2000 m² traz um design moderno e, no seu interior, novamente o mármore branco imaculado e enormes janelas para o olhar repousar nos belos horizontes do lugar. Meu ritual iniciou com um banho de vapor com esfoliação e reidratação, seguido por mãos hábeis que me presentearam com 60 minutos de massagem Dhara. Salas de tratamento ainda são ladeadas por uma academia bem equipada e salas para ioga, aulas de boxe e com personal.
Gastronomia singular em lugares inesquecíveis
Três restaurantes e um bar completam a experiência de hospedagem. Nosso primeiro jantar sob as estrelas foi uma verdadeira experiência singular e inesquecível, no magnifico pátio interno inspirado na Merdersa Bem Joussef, com a gastronomia do restaurante Rivayat, que segue orientações do chef Rohit Ghai, distinguido com estrela Michelin e verdadeiro conhecedor da herança da cozinha indiana. Foi um verdadeiro privilégio desfrutar do menu degustação neste ambiente deslumbrante, com música ao vivo!
O café da manhã – com doces, frutas, saladas, petit-fours e queijos dispostos no salão do restaurante Tamint, também oportunizava pratos à la carte, marroquinos e indianos, além de um menu com clássicos internacionais. Optávamos por iniciar e encerrar o dia ao ar livre, onde desfrutávamos da vista das montanhas Atlas, ou com os primeiros raios de sol ou ele se pondo. Para o jantar, o Tamint serve cozinha mediterrânea, indiana e internacional, também com os melhores ingredientes locais e frescos da horta própria orgânica. O Azur, junto à piscina principal, ladeada por jardins de frutas cítricas e de oliveiras, oferece um menu de refeições leves e saudáveis ao longo do dia. Após o jantar, continuamos a encerrar nossos dias com um delicioso vinho do porto, agora no Vue, com coquetéis clássicos e contemporâneos, vinhos e bebidas do mundo todo. Zidane, no bar, de uma simpatia insuperável, imediatamente mostrou-nos uma cachaça brasileira quando soube de onde éramos.
O próprio staff do hotel também se encarrega de passeios e atividades, como a que nos proporcionou, uma aventura em quadriciclo no deserto de palmeiras de Marrakech. Enfim, as experiências excepcionais aqui excedem as expectativas e em todo staff é perceptível o quanto valores atemporais como luxo, personalização e atenção aos detalhes estão enraizados na filosofia de trabalho. Há uma admirável cultura de respeito, integridade e melhoria continua que norteia o day by day que fez nossos dias aqui, inesquecíveis.
Apaixonado por criar e manter paisagens de tirar o fôlego, Issam Adjou, arquiteto paisagista do Oberoi Marrakech, dedicou sua carreira a dar holofotes à beleza natural de destinos de luxo. No complexo do hotel, supervisiona o projeto, a implementação e a manutenção dos jardins e espaços externos, liderando equipes de horticultores e jardineiros para que cada espaço reflita o luxo e a elegância que encantarão hóspedes. “Os nossos jardins não são apenas espaços, mas experiências, concebidos para proporcionar paz, inspiração e uma profunda ligação com a natureza. Estou comprometido com o aprendizado contínuo e a inovação na gestão paisagística, buscando sempre novas formas de aprimorar as experiências dos nossos hóspedes através da beleza da natureza”, destacou Issam.
Conteúdo publicado na edição 61 da revista Gente que Faz:
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