O Vale do Silício como inspiração

Velocidade, coragem para mudar e novas empresas e organizações tradicionais lado a lado. Após uma semana na Califórnia para curso voltado à comitiva brasileira, Júlio Eggers conta o que o  inspirou na visitação à “Meca da Inovação”

O Vale do Silício – ou a Meca da Inovação, como também é conhecido -, localizado no estado da Califórnia, nos Estados Unidos, é o reduto de gigantes do setor tecnológico do mundo inteiro. O local, que fica na baía de São Francisco, recebe esse nome devido ao elemento químico essencial para a produção de peças importantes, como chips e transistores, presentes na grande maioria dos equipamentos eletrônicos. Uma marca em âmbito de inovação é a velocidade no surgimento de novos projetos, sejam referentes a modelos de telefone, computadores mais potentes, motores menos poluentes, entre tantos outros. No final da década de 90, as startups, empresas nas quais há um investimento menor e a aposta em alta lucratividade em um curto espaço de tempo, instalaram-se no Vale e isso chamou a atenção para uma nova tendência: agora, havia também inovação em processos, modelos de produção, gerência integrada de recursos e pessoas.  Por isso, uma comitiva de empresários deixou o Brasil para entender o que se passa por lá e trazer ideias para seus negócios por aqui.

Chamado de Open Inovation Class, o curso teve duração de uma semana e foi promovido pela AMCHAM, uma entidade que realiza missões empresariais para os Estados Unidos e outros países. Um dos integrantes dessa missão ao Vale do Silício foi Júlio Eggers, gerente de marketing da Fruki. “Visitamos várias empresas e seus laboratórios de inovação. Fomos no Twitter, na IBM, na Ford. Foram três dias imersos nessa realidade, para entender o funcionamento”, relatou. Eggers destacou a integração entre organizações surgidas no meio digital com outras mais tradicionais, ocupando um espaço na mesma região para beber da fonte da inovação, a fim de não perder terreno em relação aos concorrentes. “As empresas hoje têm consciência da necessidade de inovar. O que dói, em especial às mais tradicionais, é admitir tal necessidade, pois envolve mexer desde os métodos de produção até o produto final aos quais já estavam acostumadas”, destacou.

Ainda durante a visitação, a comitiva conheceu o Instituto For the Future, cuja tarefa é ajudar líderes de pequenas e grandes empresas a entender o mercado de inovação, as metodologias corretas a serem utilizadas e observar o comportamento dos mercados em que atuam. Por isso, Júlio Eggers observou o dinamismo das ideais e das pessoas que trabalham no Vale e seu comportamento frente às adversidades. “Percebi a rapidez com a qual as coisas se desenrolam no Vale. O processo é acelerado, os métodos são acelerados, os erros da mesma forma. Eles têm um culto ao erro. Se o empresário não quebrou duas ou três vezes, sequer o ouvem. Dizem para quebrar primeiro e depois voltar”. Outro apontamento de Eggers é acerca da retomada dos processos rapidamente, também visto na incursão. “Aprender com o erro, errar rápido e barato. Dar um passo para trás, corrigir e voltar. Essa velocidade é algo que contagia, e o ambiente traz uma energia de inovação”, contou

“Deu vontade de voltar a estudar, por todo o ambiente e estrutura que possuem. É fantástico.”

Depois do período de visitação, a AMCHAM promoveu, na Universidade de Berkeley, na Califórnia, um curso intensivo voltado para o método de inovação aberta. Durante dois dias, conforme explica Eggers, foi esmiuçado o significado desse modelo. Ele serve para orientar a empresa sobre como lidar nos seus processos internos não apenas com quem trabalha na corporação, mas atrair associações, clientes, influenciadores, com o intuito de transformar o projeto em algo capaz de apresentar novidades. “O curso foi muito proveitoso, pois ficamos de oito a nove horas diárias captando informações a respeito desses processos, e a grade foi construída a partir das necessidades previamente estabelecidas pelos participantes”, afirma Júlio Eggers. Mais do que o aprendizado, o ambiente da universidade encantou o gaúcho. Com mais de 35 mil alunos e cerca de 300 cursos de graduação, Berkeley é uma das principais instituições de ensino públicas dos Estados Unidos. Considerada uma das 10 melhores do mundo, é referência na formação de empreendedores e totaliza entre ex-alunos, professores e pesquisadores 72 prêmios Nobel nas mais diversas áreas, como medicina, física e economia. “Deu vontade de voltar a estudar, por todo o ambiente e estrutura que possuem. É fantástico”, sintetizou.

De volta após a experiência em terras estadunidenses, Júlio Eggers começa a preparar algumas mudanças no ambiente de trabalho da Fruki a partir do que experienciou durante o curso. “Vi um método de resultado usado pelo Google. Por exemplo, eu tenho um objetivo trimestral vinculado ao objetivo trimestral da empresa. Este é ligado a um plano anual da empresa, e faz parte de um objetivo em longo prazo. Teoricamente, é simples de fazer, mas requer muita disciplina. Estamos fazendo um piloto e, se der certo, replicaremos na empresa”, explicou. “Em outro piloto, tocamos na gestão de projetos. Esse está em fase de estudos para verificar a viabilidade”. Eggers ainda relata um cenário de dúvidas quando o assunto é inovar dentro da empresa. “Faço parte da quarta geração da família. “Há uma questão quando você olha para o próprio negócio, quando o assunto é inovação. É um pouco de futurologia. Precisamos montar as estruturas e ficar aberto às transformações, manter-se antenado, porque a velocidade da mudança é muito grande e eu preciso criar um ambiente para facilitar essa adaptação”, apontou.

Aos 93 anos, uma das mais importantes empresas de bebidas do Rio Grande do Sul se aperfeiçoa para manter-se na luta por expansão no mercado gaúcho. Diante de gigantes multinacionais do setor que dividem as prateleiras, a Fruki recém começou a romper a barreira e ingressar em Santa Catarina. “Temos uma sinergia com o público gaúcho e fizemos um trabalho com a marca para que tivesse identificação com RS. Agora, ingressamos em SC, mas não deixaremos de ser originários de Arroio do Meio e depois de Lajeado”.

Publicado na edição 35 da revista Gente que Faz

Texto João Carlos Dienstmann

Fotos divulgação

 



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