Marcel Van Hattem dá a melodia da mudança que se quer

O Marcel que pouco sabemos é o que muitas vezes tem participação ativa em cultos da igreja Luterana, ao violino. O deputado federal mais votado no Rio Grande do Sul que conhecemos, começou cedo na política e se destaca pelo forte discurso e defesa de projetos que terminem com privilégios, inclusive da casta política brasileira

 

A população brasileira deu um recado nas urnas, em outubro, à classe política: queria testar algo diferente, desbancar nomes já consagrados, promover ideias frescas vindas daqueles que buscavam um assento legislativo tanto em âmbito estadual quanto federal. A renovação de quase metade da Câmara dos Deputados, em Brasília, chegou como um aviso de “basta” para a tentativa de seguidas reeleições a alguns políticos e a oportunidade dos recém-chegados para mostrar trabalho.

No Rio Grande do Sul, os líderes de votos seguiram essa premissa. Para a Assembleia Legislativa, o deputado Tenente Coronel Zucco, do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, recebeu 166,7 mil votos e conseguiu seu primeiro mandato. E, para a Câmara, quem venceu com larga vantagem foi Marcel Van Hattem, com quase 350 mil votos dos gaúchos. O jovem representante do Partido NOVO era um dos favoritos a assumir o posto na esfera federal, principalmente pela campanha diferenciada que promoveu através das redes sociais e com os valores apresentados durante a corrida eleitoral.

Natural de Dois Irmãos, no Vale do Sinos, Marcel é formado em relações internacionais pela UFRGS e tem mestrado em Ciência Política pela Universidade de Leiden, na Holanda. Ele também tem formação em jornalismo, curso também realizado naquele país, e chegou a atuar na profissão por alguns anos. A decisão de entrar na política aconteceu aos 17 anos, por iniciativa própria, e no ano seguinte foi convidado pelo Partido Progressista, ao qual se filiou, a tentar a eleição para vereador em Dois Irmãos. Com uma votação expressiva, garantiu uma cadeira na câmara local.

Depois de cumprir os quatro anos de mandato, Marcel Van Hattem dedicou seu tempo a conclusão da graduação e intercâmbio pela Europa, com passagem por alguns países do Velho Continente. Lá, estabeleceu contatos com consultorias e teve a oportunidade de permanecer, mas decidiu retornar e tentou por três vezes se eleger deputado estadual. Em 2014, ficou como suplente de Pedro Westphalen e assumiu o posto após ele ter sido indicado para secretário do governo de José Ivo Sartori.

Com o surgimento do NOVO, Van Hattem migrou para o recém-criado partido por entender que ele se adequa melhor aos seus ideais. Para o deputado, a sigla tem como norte se tornar um diferencial no cenário político por combater benefícios da própria classe. “Muitos dos problemas históricos do Brasil decorrem de privilégios absurdos concedidos a políticos e a alguns setores específicos, exatamente os setores que hoje tentam trabalhar para que as reformas não sejam realizadas e o rombo nas contas públicas siga crescendo”, afirma. Um dos diferenciais apontados por Marcel é a proibição de uso de verba pública para custear campanhas e a aplicação de processo seletivo para definir quem serão os candidatos no período eleitoral.

Voltado a uma bandeira mais conservadora, o deputado de 32 anos prega o liberalismo econômico, cuja intenção é abrir as possibilidades muitas vezes dominadas pelo poder público à iniciativa privada e promover ao mercado sua autoregulação. Por isso, uma das bandeiras de Van Hattem é restringir a atuação estatal ao que deve ser mais importante para a população, como saúde, segurança e educação. Para ele, uma das formas de fomentar esse movimento é com o corte de bonificações e restringir o uso exacerbado de verba pública para atividades alheias ao bem-estar da população. “É essencial que se defenda as reformas necessárias para o Brasil, como a reforma da Previdência e a reforma Tributária, além da reforma Política, já que sempre defendi que os cidadãos possam estar próximos aos seus representantes no Parlamento. Também pretendo ajudar a acabar com o fundo partidário e o fundo eleitoral”, reitera.

O reconhecimento que vem da internet

 

Prática recorrente de vários candidatos com votação expressiva no último pleito, a aproximação do público pelas redes sociais também é um caminho adotado por Marcel Van Hattem há bastante tempo. Através das lives no Facebook, onde até criou um programa chamado “Van Hattem Connection”, o deputado trata de temas oportunos, traz atualização sobre projetos que está à frente, quais serão os próximos passos de seu mandato e também novidades, como viagens e reuniões que fez ou fará. A página oficial dele tem mais de 455 mil seguidores, que interagem com as publicações e ajudam a compartilhar cada produção publicada.

Para Marcel, essa é uma forma de estreitar as relações com eleitores e admiradores, além de mostrar para os seus seguidores como a política faz parte da vida de todos. “Quem já está atento às redes são as pessoas que buscam a informação direta da fonte e percebem o quanto a transparência é essencial para de fato mudar a forma como os políticos lidam com o seu trabalho. Pretendo continuar me posicionando de maneira clara, manter essa comunicação direta com as pessoas que confiam em mim e esperam que eu siga representando o que elas pensam também durante o mandato como deputado federal”, explica.

Uma das explicações para o alto número de votos nas eleições do ano passado, na visão de Van Hattem, foi ter apresentado claramente seu discurso e suas ideias aos eleitores, sem se “curvar a demagogias e conveniências momentâneas”. Com um tom forte, o gaúcho foi galgando espaço ainda quando era deputado estadual em todo o Brasil, principalmente ao defender o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016. Passou a ser um dos nomes fortes da direita e construiu voz ativa para se tornar uma liderança em escala nacional, sobretudo a partir das produções via internet que atraíram diversos semelhantes para a sua caminhada.

Com a chancela das urnas, a tendência é que Van Hattem se torne um dos líderes naturais da bancada gaúcha em Brasília. Os objetivos iniciais são claros: ajudar o Brasil e o RS a resgatar sua capacidade de investimento e melhorar a situação das finanças públicas. Para isso, ele é um dos defensores da reforma da Previdência, primeira pauta relevante do governo federal. Também é favorável à revisão tributária para fortalecer o Estado. “O caso específico do Rio Grande do Sul é bastante grave, por isso não podemos perder tempo para colocar as contas públicas em dia.  Estou sempre à disposição de prefeitos, vereadores e eleitores para ouvi-los e para fazer o possível para ajudá-los a resolver os inúmeros problemas que hoje estão sendo recorrentes nos municípios”, afirma.

Já em relação a sua relação com Jair Bolsonaro e Eduardo Leite, Van Hattem diz que pretende ser um colaborador para ajudar na aprovação de pontos com os quais concorde e para sugerir medidas a fim de melhorar a eficiência do governo federal. “Não nos intitulamos nem como base de apoio, nem como oposição. Trabalharemos de forma independente, com o que acreditamos ser o melhor”, explica o deputado. Já em âmbito estadual, terá o apoio de Fábio Ostermann e Giuseppe Riesgo como interlocutores para receber demandas e tentar viabilizá-las em Brasília.

Por João Carlos Dienstmann

Conteúdo publicado na edição 43 da revista Gente que Faz.

 

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