Luxo natural: a beleza que Débora Ioschpe põe à mesa
Publicado em 20 de fevereiro de 2019O universo das pedras sempre esteve presente na vida de Débora Ioshpe. Admirada pela história que trilhou no design autoral com joias, estilo para ela sempre foi ter conteúdo, fato talvez fruto de toda sua vida de elaborações, realizações e singularidade. Já na infância ela fazia suas bijouterias, enquanto todas as amigas brincavam de boneca, Débora gastava sua mesada com pedrinhas, com as quais também decorava as casinhas das bonecas. As pedras habitavam seu quarto, seu mundo lúdico e seu universo… “lembro que quando pequena, ia ao centro de Porto Alegre, onde haviam um lugar com geodos enormes, eu dava nome a eles, brincava com eles e até mesmo levava material para limpá-los, pois ficava com pena quando os encontrava sujos”, comenta.
O respeito e a admiração pelas pedras colocou-a novamente como súdita de sua arte e de seu talento, agora por uma linha home collection que antes de aqui aportar, já foi aplaudida no mercado internacional. Débora começou dirigindo sua produção de joias e carteiras com pedras (aliás, um luxo!) em feiras internacionais. Usava slices e alguns elementos em pedra para ornamentar a apresentação das peças. Não deu outra! A paixão dos compradores pelos itens foi imediata. Desenvolveu algumas peças e começou a usá-las quando recebia amigas em casa ou no seu atelier, dispondo canapés e taças em bowls e em pedras preciosas trabalhadas com dourado ou prateado… as amigas apaixonaram-se e os pedidos surgiam. Veio a primeira mostra em loja como sugestão do amigo e fashion curator Edu Santos e mais outro tanto foi o sucesso.
Débora sabe como ninguém dar um invólucro de elegância às suas criações, atestamos recentemente o chuá de elogios e sucesso de suas peças em recente mostra. Dirigindo sua grife totalmente para o atacado (a de joias é exclusiva para exportação), Débora também colocará o pé em 2019 levando sua home collection para as feiras do setor. São peças desenvolvidas para usos distintos, ou na apresentação de um jantar ou recepção, para livros ou para uso como saboneteira, cremes ou joias, com acabamentos sofisticados em ouro ou prata. “Já tive clientes corporativos que utilizam nos escritórios, para cafés ou decoração em eventos, neles dispondo petit-fours. Já tive cliente de estética que utiliza-os para dispor esmaltes e óleos de massagem. Eu mesma uso-os para um chá ou água, na cabeceira de minha cama, importa o design e também, é claro, a energia ótima que transferem”, informa.
Nas feiras, ela atestou a paixão dos americanos e europeus pelos sets (conjuntos) e por peças maiores, que ela não expõe, mas são procuradas para capelas de jardim, festas ou hall de entrada de residências. “Desenvolvi alguns itens que eles utilizam muito para castiçais, mas também para plantas como as suculentas, para clips no escritório, permutando usos”. Facilmente compreendemos que Débora emprestou, com seu talento, elegância a uma riqueza mineral da natureza brasileira. E nossas pedras preciosas vão muito além de serem somente pedras bonitas. Existem diferentes tipos e cada um deles possui uma enorme gama de poderes e um significado especial e único. Cada peça, além de linda e única, em sua pedra específica traz um tipo de vibração, com uma influência no cotidiano da casa.
Na coleção assinada por Débora, as pedras que mais predominam são a ágata (em suas 8 tonalidades) e a ametista, abundantes no sul, e quartzo rosa, também aqui encontrado e compreendida como a pedra do amor, além do cristal de rocha. Dentro da ametista, há peças lindas que podem ser criadas a partir das variações da pedra, em citrino, estalactites ou quartzo fumê, esta que junto com a turmalina negra se consolida por suas fortes emanações purificadoras e de proteção, contra energias negativas e forças sombrias.
Débora também levou para sua arte reverência de sua infância. “Sempre tive muito respeito pelas pedras, que continuo exercendo. A ágata merece um produto que a valorize, vou utilizá-la em uma bolsa nobre, num produto com expressão. Entendo a pedra gemonologicamente, pois uma pedra preciosa é um ancião, imaginemos quantas centenas de anos levou para nos presentear com desenhos incríveis, saída das entranhas da terra. Para vir da escuridão para a luz, necessitou ser refém do tempo e durante este período teve que acontecer a síntese com um metal, pressão e elementos específicos. Para estar aí, foi como um bebê que nasceu e se desenvolveu sob condições singulares, desabrochando com magia às vezes séculos depois.
Talismãs ou amuletos, o certo é que Débora passou a desenvolver verdadeiras joias na decoração, somando sua arte e seu estilo a pedras que contam sua história o os segredos da Terra, agregando um quê de misticismo a uma beleza inata aos espaços que irão co-habitar. Com ela, deixamos para trás possibilidades limitadas de design e passaremos a compreender um novo momento de fluidez sofisticada evidenciando a beleza de riqueza tão abundante em nossas terras. De utensílios domésticos a acessórios e objetos decorativos, a tendência tem dominado o mundo com sua riqueza natural. E tudo tem muito a ver com o estilo despretencioso chique de Débora Ioshpe.
Conteúdo publicado na edição 42 da revista Gente que Faz
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