Humberto Camargo: um superpai na agenda de médico

Nos primeiros minutos desta entrevista, o médico Humberto Camargo já deixa transparecer um retrato do seu dia a dia em família. Ele está em casa com o filho mais velho, João, 10 anos. Ao fundo da videochamada, de vez em quando aparece o som dos latidos de duas pastoras sheltie brincando na sala. A babá recém havia saído para buscar o mais novo, Joaquim, 8 anos, na residência de um amigo. E a esposa, Lilian Troviscal Camargo, que é anestesista, ainda trabalhava naquele início de noite

Conteúdo publicado na revista Gente que Faz edição 51

 O casal faz de tudo para equilibrar as agendas pessoal e profissional. Sempre que possível revezam as escalas para, pelo menos um deles, ficar com os meninos. O que, diga-se de passagem, não é tão simples assim. Especialista em rinoplastia, Camargo coordena o ambulatório deste setor na Otorrinolaringologia da Santa Casa de Porto Alegre – o maior hospital do Estado, referência para cirurgias de alta complexidade. Além disso, também atua na Clínica Face 1800.

 Criador da Rinoplastia Tridimensional no (3D) no Brasil, faz todo o planejamento com a participação do paciente, e consegue levar esse planejamento milimétrico para a mesa cirúrgica. Tal ferramenta inovadora auxilia na diminuição do tempo da cirurgia e serve como uma guia no remodelamento do nariz, favorecendo resultados mais próximos aos prospectados. Aos 49 anos de idade, sendo 23 deles dedicados à medicina, Camargo estima que já tenha operado mais de três mil narizes.

 “Se hoje sou um homem realizado na vida, é porque tenho a família como minha base mais importante. Se a família está bem, tudo vai bem”, reflete o pai do João e do Joaquim.

 Natural de Santiago (RS) e filho de militar, aos 14 anos Humberto Camargo mudou-se para a capital para frequentar o Colégio Militar de Porto Alegre. Ele sempre quis ser médico, mas a habilidade com a matemática, somada aos resultados dos testes vocacionais, conduziram seus estudos para a Engenharia Mecânica. Do prédio do curso ficava “namorando” o prédio da Medicina, que era ao lado. E foi assim que, ao chegar no 6º semestre de faculdade, decidiu trocar o rumo da sua formação. Fez vestibular e entrou para a UFCSPA – Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.

 “No segundo ano comecei a assistir rinoplastias. Ali me identifiquei e descobri que queria ser um médico rinoplasta, para fazer plásticas de nariz”, conta Camargo, que fez residência em otorrinolaringologia e um fellow em cirurgia plástica nasal.

 

Amante da tecnologia e da inovação, foi o pioneiro no uso do bisturi ultrassônico no Rio Grande do Sul, evitando as indesejadas “marteladinhas” no nariz. Também foi o pioneiro, na otorrino brasileira, no uso da tecnologia tridimensional (3D) na rinoplastia, sendo o primeiro a trabalhar com essa ferramenta acurada, que utiliza há mais de 10 anos. Atualmente, após muitas aulas e palestras sobre o tema, essa técnica vem ganhando adeptos pelo país.

 Camargo, que já tinha uma agenda concorrida antes da pandemia, percebeu um salto na procura por cirurgias plásticas neste último ano. Com o isolamento social, o home-office, as videochamadas e selfies, as pessoas passaram a prestar mais atenção na aparência e sentiram necessidade de dar um up no visual.

 Neste contexto digital, salienta que qualquer procedimento estético deve ser precedido de uma boa avaliação médica, para um alinhamento das expectativas do paciente. No caso do nariz, por exemplo, às vezes acontece de a pessoa ter uma visão distorcida da sua imagem. Como a lente do celular é uma grande angular, automaticamente ela aumenta o nariz. Por isso, recomenda fotos com lentes adequadas, em estúdio, sem ter o abaulamento ou o estreitamento da face. Tudo para que o paciente tenha uma imagem mais fidedigna de seu próprio rosto.

 “Fazemos todo o planejamento em milímetros, buscando um resultado que se aproxime do natural. O importante é que o nariz funcione bem e que o paciente goste. Por que é impressionante o impacto da cirurgia nasal na vida das pessoas. A autoestima melhora, elas começam a se cuidar mais e, inclusive, a fazer outros tratamentos estéticos e de saúde”, observa o médico.

 

Escala médica x escala familiar

 A mesma pandemia que trouxe um boom de trabalho para o médico, também trouxe um aumento na demanda pela presença dos pais em casa.

 

 “Passamos por um período complicado com o estudo online. No início as crianças se distraiam durante as aulas. Tivemos que organizar uma escala e, sempre que possível, um de nós dois ficava em casa para acompanhar de perto as atividades”, relata Camargo.

 Mas adaptar as agendas para atender os filhos não é novidade para o casal. Mesmo tendo um pico de trabalho nas férias de inverno, que é quando as pessoas costumam procurar por cirurgias plásticas, Camargo nunca abriu mão de aproveitar as férias escolares com as crianças. Antes da pandemia, a família costumava fazer duas grandes viagens por ano. Em geral, uma para a Europa e outra para os Estados Unidos, para praticarem o inglês.

 “O lugar que mais gostaram de conhecer foi Paris. Em 2019, num final de ano, no período pós- Natal, alugamos um apartamento e ficamos uma semana como se fôssemos moradores da cidade. Eles adoraram. Curtiram muito visitar os pontos turísticos que até então só conheciam pela internet e viam nos desenhos animados”, lembra o pai.

 Assim que a situação normalizar, os Camargo pretendem retomar o roteiro que está em stand by desde o ano passado: África do Sul. Enquanto isso, nos momentos de lazer seguem com os programas tradicionais de finais de semana, que incluem saídas para parques, com atividades ao ar livre, como andar de skate e jogar tênis.

 Essa é uma das formas de o médico incentivar nos filhos o gosto por esportes. Algo esperado, considerando que estamos falando de um IronMan aposentado. Na categoria amador, o médico participava de competições de triátlon pelo Brasil e pelo mundo. São circuitos com 3,8 mil metros de natação, 180 quilômetros de ciclismo e 42 quilômetros de corrida.

 “Não conseguia treinar muito porque era difícil encaixar com a carreira na medicina. Chegava a acordar às 4h da madrugada para treinar. Há uns 10 anos fui parando progressivamente, mas a paixão pelo ciclismo continua. Ainda tenho bicicletas e, quando dá, saio para pedalar com amigos desta época. Não mais como um atleta de alta performance, mas mais por lazer e para manter a saúde”, contextualiza o cirurgião.

 

 A última prova foi emblemática. Em 30 de outubro de 2011, data em que completou 40 anos de idade, participou do meio IronMan de Miami. Uma coincidência que mostra muito bem a capacidade dos Camargo para conciliarem as agendas e aproveitarem ao máximo as oportunidades de estarem juntos. A programação, que era para a competição do pai, marcou também a primeira viagem de avião do primogênito – então com 8 meses de vida, e assim conseguiram comemorar o aniversário como eles mais amam: curtindo em família.

 “A Rinoplastia 3D é uma inovação que veio para ficar. Poder aliar a ciência à arte e oferecer um resultado mais próximo ao planejado com o paciente é espetacular. Não é nem nunca será uma promessa de resultado, pois existem vários outros fatores envolvidos na cicatrização no pós-operatório, mas é mais uma preciosa ferramenta nesta delicada e complexa cirurgia”, analisa o rinoplasta Humberto Camargo.

DR. CAMARGO, EXISTE O NARIZ PERFEITO?

“Nariz perfeito é aquele que a pessoa gosta e que funciona bem. Às vezes o paciente chega ao consultório com fotos de terceiros, com determinados modelos de nariz, e cabe a nós explicarmos que cada nariz é único. Precisamos respeitar não só a funcionalidade mas também as características de cada pessoa, para chegarmos em um nariz esteticamente melhorado”, analisa o rinoplasta Humberto Camargo.

O médico lembra que anos atrás procurava-se muito o nariz pequeno, que era obtido com a técnica do ressecamento, retirando pedaços do nariz. Com o tempo, outros meios foram ganhando espaço, como a técnica da narina, da ponta, da columela (parte do meio) ou para dorso. O importante é que o médico conheça todas elas e saiba qual a melhor para cada tipo de rosto.

“O nariz atinge o ápice do crescimento por volta dos 14 anos no caso das meninas e 16 anos para meninos. A partir desta idade, lentamente, vai sofrendo alterações de envelhecimento. Diferente do que as pessoas pensam, o nariz não cresce com o avançar da idade. O que acontece é que o esqueleto facial vai retraindo e a ponta vai caindo. Assim perde projeção e rotação (o quanto é arrebitado), dando aquele aspecto de alongado, maior. Hoje, nas rinoplastias, trabalho muito com a estruturação do nariz, para que daqui a 20 anos ele ainda mantenha-se firme e estruturado”, explica o médico.

 

Conteúdo publicado na edição 51 da revista Gente que Faz

Fotos Eduardo Mognon

Texto Josiane Rotta

 



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