Guga Kuerten: Legados vivos e promissores
Publicado em 6 de setembro de 2017Lindos projetos sociais, negócios e a geração de inúmeros empregos foi o que de mais precioso ficou depois de passados 20 anos da primeira vitória de Roland Garros
O tempo passa rápido e nem nos damos conta! Neste ano, estamos completando 20 anos da primeira grande vitória do tenista Guga Kuerten, em Roland Garros, em 1997, parecendo que tudo ocorreu recentemente. Ele relembrou que foi para a competição para ganhar uma ou duas partidas, e que, na verdade, seu técnico, Larri Passos, seu segundo pai como sempre disse, fez todo um planejamento para que fosse campeão, o que não era para acontecer naquela hora, ou seja, em 1997, mas, como teve a chance, abraçou com unhas e dentes e levou o troféu para casa, com certeza absoluta.
“Depois que ganhei do Rafael Nicow, aí disse para mim mesmo, agora vou ser campeão. Eu comecei a descobrir coisas potenciais no meu jogo que eu só vim realmente há consagrar três anos depois. Mas, existiam, pois estavam na projeção e no aprimoramento da minha carreira.”
Guga rememorou que aquelas sete partidas que jogou na competição transformaram sua carreira, levando seu nome para o mundo. Porém, de forma enfática, disse que essa vida foi construída antes e não só nos 14 dias da competição. “O esporte tem um papel quase que único de tocar tão forte, e foi isso que o tênis me proporcionou durante a vida.”
Ele declarou que em toda esta história, sua principal qualidade foi estar sempre de olhos abertos, mantendo a humildade, que é o que o fez perceber ainda mais os detalhes ao seu redor para continuar aprendendo. “Ter minha família ao meu lado e as lembranças é um estímulo, o que vai me levando e ao natural as oportunidades vão aparecendo.”
Quando disputou seu primeiro Roland Garros, Guga era o 66 do ranking, único a vencer um Grand Slam sem ter tido título de nível ATP (Associação dos Tenistas Profissionais). Após 1997, conquistou mais dois Roland Garros, em 2000 e 2001. Parou de jogar em nível profissional em 2004, depois de sua segunda cirurgia, e saiu das quadras definitivamente, em 2008. Porém, passadas duas décadas desta memorável vitória, legados bacanas e cheios de histórias para contar ficaram. Além das quadras e de tudo que envolveu Guga e o tênis, a família dirige sua forte empresa, o Grupo Guga Kuerten (GGK), chamado de Grupo Guga por todos, e o Instituto Guga Kuerten (IGK), na área social e de filantropia, que está beirando a [à] maioridade, pois em 2018 completará 18 anos de atuação em projetos sociais próprios.
Alice Kuerten – Mãe de Guga, essa mulher cheia de vida, de voz forte, atitudes firmes, agregadora da família, e que trabalha com voluntariado desde seus 14 anos de idade, é a presidente do Instituto. “Sempre gostei de servir, de ajudar e de compartilhar.” Assim, com a vitória do Guga e o sucesso de sua carreira, ela, Guga e o filho Rafael, que cuida da parte dos negócios, decidiram que poderiam fazer um pouco mais do que somente ajudar os outros. “Nossa ideia foi fazer um trabalho que fosse um investimento social, institucionalizando nossa filantropia.”
“Aí, em 17 de agosto de 2000, criamos o Instituto Guga Kuerten. É algo nosso, com propósitos e objetivos com os quais sempre convivemos: a inclusão da pessoa com deficiência, justamente por termos deficientes na família; e o esporte, por ser uma forte e poderosa ferramenta educacional.”
A instituição atende o público que sua presidente e a equipe podem supervisionar, garantindo, assim, a qualidade do trabalho feito. Hoje, um dos projetos do IGK, que se chama “Fundo de Apoio a Projetos Sociais” (FAPS), já está estendido a 182 municípios do Estado de Santa Catarina. “Auxiliamos, desta forma, instituições que trabalham com a pessoa com deficiência, não só dando recursos, mas oferecendo também capacitações e assessoria técnica.” Cada ano são escolhidas três ou quatro regiões catarinenses para serem atendidas. “Em 15 anos de FAPS, já estamos concluindo a segunda passagem por todo o Estado de SC.”
O outro projeto que a entidade tem intitulado “Campeões da Vida”, atende 720 crianças e adolescentes, dos 7 aos 15 anos de idade. Funciona em núcleos, incluindo jovens deficientes, que convivem junto com os demais no projeto. Esses núcleos são localizados na Grande Florianópolis com uma extensão para Campos Novos, no Meio Oeste catarinense.
O IGK também possui mais um programa, considerado muito bonito pela presidente, que é o curso de cuidador terapêutico. Nele, durante um semestre, no turno da noite, são preparadas pessoas para cuidar de crianças e idosos, com ou sem deficiência e ou síndromes. Conforme nos contou Alice, a entidade ainda tem o prêmio GK, que, neste ano, ocorrerá em 22 de agosto. “Anualmente, com esta iniciativa, premiamos outros projetos sociais, ações educativas diferenciadas e de sustentabilidade, bem como jornalistas que produzem reportagens sobre pessoas com deficiência.”
Além disso, o IGK ainda participa de ações com os Ministérios Público e do Trabalho, além de atividades para o desenvolvimento social da própria cidade de Florianópolis. “Mas, gosto sempre de enfatizar que nossos grandes focos são o da inclusão da pessoa com deficiência, onde damos condições às instituições que lidam com essa categoria, e também encaminhamos para o mercado de trabalho esses indivíduos; e a utilização do esporte como ferramenta de educação.”
Alice salienta que nosso Brasil está precisando, mais do que nunca, que as pessoas despertem para a realização de ações solidárias, que tenham mais respeito pelo outro e que se doem para auxiliar a quem necessita. “Isso, cada um pode e deve fazer, pois a base tem de vir pela educação. Saber todos temos e podemos dar um pouco de si para os que precisam. Quem estuda em universidade pública, por exemplo, pode recompensar a população com o seu saber, sendo voluntário em alguma instituição, pois não é só de dinheiro que as entidades precisam, do saber também e muito.”
Rafael Kuerten – Presidente do Grupo Guga, ele é também tenista amador, conservando o hábito de jogar tênis todas as semanas. De fala tranquila, mas por demais ligado à família e à forma simples de viver e transparente de gerir os negócios, ele lembrou que a empresa, formalmente fundada em 1995, já existia antes dessa data e cuidava das coisas do Guga como atleta. Este cabeça dos negócios fez questão de ressaltar que tudo sempre foi e é decidido em equipe: ele, Rafael; o Guga; e a mãe, Alice.
“O maior legado nosso é manter esse nome, essa imagem do Guga mais forte a cada ano, mesmo ele tendo parado de jogar tênis, lá em 2008, definitivamente, e em 2004, de alto nível, quando teve de fazer a segunda cirurgia.” Rafael destacou que eles (família) preservaram o que acham ser muito importante: a qualidade do Guga como pessoa. “Principalmente no momento pelo qual passamos no Brasil, de escândalos de corrupção, falta de ética e de moral e de roubo do dinheiro do povo, temos que mostrar os bons exemplos, não só o Guga vencedor de títulos. Mais do que isso, ele é um irmão, um filho, hoje também um pai, um amigo, que tem muita credibilidade e perseverança.” E esses créditos, frisou Rafael, com toda a certeza que sempre estiveram vinculados à imagem de Guga, sendo importantes não só para os negócios da empresa, mas para o País como um todo.
Negócios do Grupo Guga – Entre os negócios do Grupo, estão a Escolinha Guga, que ensina tênis de forma lúdica, para crianças de 5 a 10 anos de idade; e a Escola Guga, idealizada para adolescentes de 11 a 15 anos. Ambas operam em sistema de franquia e estão presentes em 25 cidades, de nove Estados brasileiros, com a marca de mais de dois mil alunos matriculados. No Rio Grande do Sul, há uma unidade em funcionamento em Caxias do Sul. No total, são 38 unidades da Escolinha Guga, sendo 20 delas com a Escola Guga também implantada.
Conforme disse Rafael, o Grupo também tem crescido em termos de produto. “Hoje, temos a Escola Guga no Beach Tênis e a equipe Guga de competição. Também possuímos a empresa mãe, que criou o Grupo, que é a Guga Company, berço da marca e da imagem Guga e de nossas relações com diversas grandes empresas.” Ainda faz parte deste complexo, uma empresa que faz investimentos imobiliários. “Os produtos de nosso Grupo são idealizados por nós, nada é terceirizado. Tudo é feito dentro de casa. Nós sempre tivemos claro que o processo todo de formação era mais importante do que só o fim, que era o Guga levantar troféus”, afirmou o empresário, orgulhoso disso.
Por Andréa da Silva Spalding
Fotos divulgação
Publicado na edição 34 da revista Gente que Faz