Daniel Chaieb e o talento único de arrematar histórias

O leiloeiro Daniel Chaieb chega há quase três décadas de trabalho com algo que é muito mais que uma compra

Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhes três… E mais uma peça é arrematada em leilão. Poderia ser simplesmente uma compra, mas é muito mais. Adquirir algum objeto de leilão é levar para casa uma peça com história e é aí que está o seu valor. O leiloeiro Daniel Chaieb atua há cerca de 30 anos como leiloeiro. Ao longo do tempo, foi se especializando na venda de artes e antiguidades – mas isso não quer dizer que não entre nos seus lotes tudo o que ele considerar um bom negócio. Da sua casa de leilões, no Bairro São Geraldo, em Porto Alegre, ele faz a venda para um público cada vez mais diverso. Chegar há quase três décadas de trabalho com sucesso de vendas é resultado do prestígio que alcançou na função. Chaieb é muito requisitado, especialmente por famílias que confiam a ele a venda de heranças, espólios, coleções, joias, obras de arte e antiguidades. Isso acaba por tornar o leilão democrático, já que que são colocados à venda desde talheres até obras de artistas renomados. “Há quase um estigma de que leilão é uma coisa elitizada. E isso não é verdade. No leilão de uma casa, por exemplo, entram coisas muito boas e outras nem tanto. Algumas com mais e outras com menos valor”, observa.

A operação leilão

A vida de leiloeiro tem muito de garimpar. Quando é procurado por quem pretende fazer a venda de determinados objetos ou de uma casa inteira, Chaieb avalia o bem e leva para o seu acervo. Uma vez por semana, ele realiza leilões que, desde o início da pandemia, são unicamente virtuais. “Nós temos um Brasil muito rico em regiões como o interior de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Minas Gerais. Tenho uma participação muito grande destas regiões nos meus leilões. E, como despacho para o Brasil inteiro, isso se torna muito cômodo para o comprador.” Se o comprador ganha, o proprietário do lote da mesma forma. Chaieb salienta que muitas famílias preferem colocar o patrimônio em leilão, que normalmente proporciona a venda completa de um lote, a deixá-las num antiquário ou galeria de forma consignada, com uma comercialização fracionada.

 

Quem dá mais?

Os leilões de Daniel Chaieb têm os seus habitués – que participavam dos eventos presenciais e permanecem conectados no formato virtual. Mas há muita gente nova acompanhando a oferta. “Temos jovens, que estão começando coleções, participando. E também temos um público jovem interessado em sustentabilidade, que está pensando em reaproveitamento, e está comprando coisas de excelente qualidade.”

Outra tendência, super em alta nos leilões de Chaieb, são objetos da lida campeira do gaúcho, e também utensílios ligados ao vinho. Ao passo que artigos como jogos de chá ou cinzeiros, fáceis de vender em leilões passados, hoje não fazem mais parte do interesse coletivo. É a sazonalidade ditando o valor dos produtos.

Lances de paixão

Em quase 30 anos de profissão, Chaieb já perdeu as contas de quantos leilões realizou e de tudo que passou pelas suas mãos para venda. Mas duas situações foram marcantes: em um de seus leilões, vendeu uma obra do pintor modernista Di Cavalcanti. “Era uma escultura feita entre os anos 1923 e 1925, época em que o Di Cavalcanti morou em Paris.” Outra venda de repercussão foi a de uma bola de futebol, assinada pelos jogadores uruguaios, após a vitória do Uruguai contra o Brasil, na Copa de 1950. “Não foi a bola usada em campo, mas foi uma bola assinada por todos os jogadores uruguaios após aquela vitória do Uruguai, que deixou os brasileiros desolados. Quando fizemos este leilão, veio até um jornal do Uruguai fazer a cobertura”, recorda. O comprador? Foi um uruguaio, comprovando que leilão também é um lance de paixão.

CONTEÚDO PUBLICADO NA EDIÇÃO 56 DA REVISTA GENTE QUE FAZ
Texto FERNANDA MALLMANN|Fotos Divulgação e TOM DINARTE


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