Alô foodlovers e winelovers, por que o Chile?
Publicado em 13 de novembro de 2017Nos últimos tempos, a longilínea terra de contrastes experimenta uma espécie de revolução na boa mesa
O país mais meridional do mundo transforma sua cena gastronômica e 2017 é o ano em que provavelmente baterá outro recorde histórico de visitantes internacionais, a exemplo de 2016, quando teve um aumento de 26% no número de turistas. Deixemos o impressionante deserto do Atacama com seus vales lunares e a agreste Patagônia para uma próxima edição e permanecemos, após o sobrevoo dos Andes, com a vibrante capital e com a riqueza rubra do Vale do Colchagua.
Silenciosamente, a capital chilena tem subido nos rankings de qualidade de vida. A cidade limpa, ordenada e segura nos recebe e nosso roteiro inclui apenas uma noite no destino. Deixamos Porto Alegre às 13h20 e já no entardecer tínhamos a visão da majestosa cordilheira dos Andes como obra-prima da janela do quarto, em Santiago. Sem muito tempo para delongas, seguimos para o nosso eleito da noite.
Quatro restaurantes chilenos estão entre os 50 melhores da América Latina e dentre esses escolhemos o que mais nos aguçou por conjugar justamente uma cozinha sofisticada em um espaço surpreendentemente simples. Já havíamos lido sobre o 99, com seus novos sabores e texturas, com um prato mais surpreendente que o outro, pela segunda vez consagrando-se como o melhor do Chile, pelos Cronistas de Gastronomia do país. Consideram que o menu muda todo dia, porque os ingredientes são frescos e de temporada. É muito informal e integra entre seus habitués diferentes estilos de pessoas, inclusive algumas que não estão acostumadas ao inovador formato de restaurante.
Surpreendente!
Escolhido como o melhor pelos críticos de gastronomia do Chile e entre os melhores da América Latina
Nossa opção foi certeira e entendemos por que este ano promete ser um período explosivo para o Chile e por que o destino deve estar no seu radar. O chef pâtissier Gustavo Sáez passou por cozinhas de restaurantes do Brasil e do Chile, como o renomado Boragó (em Santiago) e o D.O.M (em São Paulo). Também fez estágio no El Celler de Can Roca. É ele que assina as sobremesas do restaurante 99, liderado pelo chef Kurt Schmidt, cérebro e motor do lugar pequeno, mas que alinhava uma verdadeira explosão de sabores e alimenta uma cozinha que está em progressão constante, dito isso por críticos de gastronomia que não são dados a elogios.
O restaurante de ambiente informal, mas com gastronomia muito sofisticada, é símbolo da culinária contemporânea do país e surpreende pela leitura jovial no menu de 6 ou 9 pratos minimalistas. A filosofia do lugar inclui a colheita de seus próprios vegetais e frutas, o contato direto com produtores e a harmonização de cada prato com vinhos que igualmente surpreendem, um por não passar pelo processo de filtragem, todos de vinícolas boutiques ou de garagem, cujos nomes rapidamente anotamos.