Quando o assunto é tapete persa, Pedram Zaman sabe onde pisa

Diretor da Império Persa Home Design, Pedram Zaman,  explica as diferenças entre peças que chegam a valer o mesmo que uma Ferrari

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Pedram Zaman, por Paulo Pepe

Os tapetes persas estão entre os mais sonhados objetos de desejo de quem valoriza uma boa peça de decoração com história. Muitos deles chegam a valer o mesmo que um carro de luxo, e alguns deles podem ser adquiridos na Império Persa Home Design, clássica loja de decoração localizada em Porto Alegre. Diretor da empresa, Pedram Zaman destaca-se no circuito de home style como um expert em tapetes persas e é referência no Brasil no assunto.

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Tapete Moud Quatro Estações

Para comprar um legítimo tapete persa é preciso saber quais as características que o tornam tão especial. Zaman ensina. Os tapetes podem ser artesanais ou industriais. “Há no Irã empresas que contratam funcionários para ficar fazendo tapetes. Eles criam o desenho, tecem o tapete. Naturalmente, os artesanais valem mais, geralmente são feitos por famílias e dão muito mais trabalho. A tradição conta que com os invernos e verões muito rigorosos as pessoas não tinham como sair de casa, então ficavam tecendo. Há muitas peças com a assinatura da família, inclusive”, conta.

Também é necessário identificar qual produto foi utilizado na composição do tapete. “A lã pode vir de partes diferentes da ovelha, das costas, da barriga, do pescoço, e isso faz o tapete ficar mais grosso ou mais fino. Também é utilizada seda em algumas composições.” A quantidade de nós por centímetro quadrado demonstra o trabalho que o tecelão precisou para tecer o tapete. “Quanto mais nós por centímetro quadrado, mais caro, por ter mais mão de obra envolvida.” As regiões em que foram fabricados também contam pontos. Do Irã vêm as peças mais desejadas, de regiões como Tabriz, Hossein Abad, Müd, Nain. “Outros tapetes desenvolvidos na Índia imitam os desenhos e também são bastante bonitos, procurados e caros. No mercado o Tabriz Indiano é mais aceito que o Persa, por exemplo, pois o Indiano é mais retinho, com franja reta, sem algumas oscilações que o Persa traz. E quando são colocados em um piso de porcelanato, por exemplo, podem não cair muito bem, tem gente que não gosta.” E os desenhos? “Todos são feitos à mão livre, sem um modelo de grafismo. E todos os lados são iguais. Muitos são mais bonitos no verso”, analisa. A franja deve ser uma continuidade da trama, não uma peça aplicada no tapete. “Os clientes podem perceber as dobras na finalização do tapete industrializado, que, quando arranhado no verso, solta aquele som de plástico, revelando o material de menor qualidade.”

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Tapetes Persas Modernos

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Detalhe Tabriz Iraniano SuperFine

Há também várias curiosidades a respeito dos tapetes, que ganham temas específicos; fios de seda que dão a impressão de imagem em 3D; os tapetes quatro estações, que representam, com desenhos, as quatro estações do ano; e os redondos, que dão dor de cabeça para quem os produz – há um tecelão especializado em colocar uma madeira e passarem um fio como se fosse um compasso em volta de todo o tapete, complementando o trabalho para deixá-lo bem circular. “Por darem mais trabalho, os tapetes persas redondos são mais caros que os retangulares ou quadrados”, informa Zaman. Há tapetes de metragens maiores, algo como 7,5 por 4,5 metros quadrados, com os quais os clientes podem decorar ambientes maiores sem a necessidade de utilizar mais de um tapete. E há os não tão caros, algo como um tapete persa artesanal por R$ 200 o metro. “Há peças para todo o tipo de cliente, as pessoas às vezes ficam um pouco intimidadas em comprar um tapete persa por acharem que todos são extremamente caros, mas é possível conseguir belas peças mais em conta”, garante.

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Tapete Shiraz envelhecido

As peças mais diferentonas, como as tecidas com falhas propositadamente ou as tingidas. “Esses fazem a alegria dos designers de interiores mais descolados”, entrega Zaman, que, a cada três meses, recebe um novo container com novidades. “Como o governo é muçulmano, as minorias religiosas muitas vezes são perseguidas. Nós saímos do Irã quando houve a revolução islâmica, no final de 1979. Atualmente, minha religião, Bahá’í, está no foco das perseguições. Por motivos políticos e religiosos não podemos ir para o Irã para comprar os tapetes. Então os fornecedores que já nos conhecem levam caminhões para a fronteira ou para outro país para que possamos escolher as peças que queremos. Na última vez fomos até a Alemanha”, informa Pedram, revelando uma questão histórica e de tradição que valoriza ainda mais o trabalho desenvolvido por sua família há décadas.

Por Andrea Lopes

Fotos Paulo Pepe

Publicado na edição 30 da revista Gente que Faz

 

 

 




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