Beatriz Dreher Giovannini, a Dama do Vinho

‘A palavra adega não é feminina por um acaso’

Seja durante a vindima colhendo uvas, atrás do balcão auxiliando na venda de espumantes, no receptivo dos hóspedes da pousada, ou realizando degustações com os turistas, lá está a presença de Beatriz Dreher Giovannini, fundadora da vinícola Don Giovanni. Se existe uma Dama do Vinho, este alguém é ela!

Herdeira da família Dreher (dos conhaques), desde cedo ela acompanhou o processo de fabricação dos destilados e posteriormente, dos vinhos produzidos. “Praticamente nasci numa pipa e acredito piamente que a palavra adega não é feminina por um acaso”, brinca. Super mãe e vó zelosa das netas Carolina e da pequena Giovana, hoje ela curte um momento mais calmo de sua vida. Recentemente, Beatriz optou por se dedicar ainda mais a família. Passou a direção dos negócios para seus filhos e genro, atuais proprietários da Don Giovanni, Paola e André Giovannini e o casal Fábia e Daniel Panizzi. Eles são hoje uma das poucas famílias no Rio Grande do Sul, cuja quarta geração continua a produzir vinhos e espumantes.

A vinícola está num alto nível de qualidade nos produtos e serviços. “Nós trabalhamos muito e o negócio cresceu muito em virtude da propaganda boca a boca”, recorda Beatriz. Todo o trabalho da vinícola, envolve a comunidade de Pinto Bandeira (RS), onde está localizada a vinícola, que possui vinhedos próprios.

Dona Bita

Beatriz é casada com o empresário Ayrton Giovannini há mais de 40 anos. No Dia Internacional da Mulher de 2013, ela realizou um antigo sonho ao lado dele lançando no mercado, um espumante considerado bastante especial, o Dona Bita. O apelido carinhoso de Beatriz dá nome ao rótulo. O produto, elaborado pelo método tradicional tem rendido importantes premiações no segmento.

Bita é uma apaixonada por artes e inclusive, já foi proprietária de uma galeria de arte por muitos anos em Bento Gonçalves. Recentemente, ela foi a curadora de uma grande exposição de arte do Margs, em Porto Alegre, ao lado do amigo e artista plástico Mauri Menegotto. Bita também idealizou o projeto Vinho & Arte, onde seis artistas pintaram afrescos nas paredes do casarão construído em 1930, em Pinto Bandeira (RS), que abriga a pousada da vinícola Don Giovanni. Nas obras, destacam-se paisagens, flores, a figura feminina, o campo, os pássaros e, como não poderia deixar de faltar, o vinho.

Bita fala com orgulho também da produção de vinhos biodinâmicos. Há quatro anos a vinícola iniciou, de forma gradual, os trabalhos de conversão de seus vinhedos para o manejo biodinâmico. A empresa estima que num prazo médio de cinco anos, seja possível concluir, a transição dos 14 hectares de vinhedos. “A Don Giovanni trabalha com cultivo de uvas desde os anos 50. A empresa vinha aplicando nos seus vinhedos, sistemas convencionais de controle de pragas e doenças nas plantas. Em 2012, apostamos em novos desafios, voltando cada vez mais nosso olhar à sustentabilidade”, explica Beatriz.

Beatriz explica ainda que a Don Giovanni é um complexo. “Reunimos aqui e vinhedos, vinícola, varejo de vinhos, pousada e restaurante e mantemos uma produção média de 120 mil garrafas ano”. A DG está localizada em Pinto Bandeira (RS), a 12 km do centro de Bento Gonçalves na rodovia VRS 805, num dos pontos mais altos do município (720m). A pousada junto à vinícola possui sete apartamentos, num casarão construído em 1930, mantendo na decoração, características originais da colonização italiana. O restaurante da Don Giovanni possui capacidade para 50 pessoas, atendendo a hóspedes e grupos, mediante a reservas. Grande parte do que é oferecido no cardápio, como temperos, legumes e hortaliças é produzidos na propriedade.

Por Edith Auler & Marcelo Foletto

Fotos Luciano Garcia, divulgação

Publicado na edição 38 da revista Gente que Faz

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